30 de setembro de 2009

Elisa a tonta


Partindo do princípio que Elisa Ferreira representa alguma elite política na aposta autárquica do PS percebe-se, depois do debate de ontem na SIC Notícias, o porquê da baixa representatividade dos socialistas nos municípios portugueses. O que assistimos por parte da candidata socialista à Câmara do Porto foi uma prestação medíocre, revelando uma total falta de cultura democrática para com as outras forças políticas presentes e um preocupante desconhecimento de muitos dossiers relativos à cidade. Um vazio de ideias assente num sorriso tonto e tentando desesperadamente falar, falar, falar. Eficácia nula.

28 de setembro de 2009

As ilhas adjacentes




Fernando Rosas, "iluminado teólogo doutrinário" do Bloco de Esquerda, falou ontem na vitória, em larga escala, do seu Partido em Portugal e nas ilhas adjacentes. Afinal, para além dos quatro deputados do círculo da emigração falta ainda conhecer o eleito pelas Berlengas.


Olhei para Fernando Rosas e lembrei-me de Mário Viegas, sublime na sua interpretação de Herdeiro dos Teles de Midões na comédia "O rei das Berlengas". Para quem não se recorda, "0 filme mostra como os Teles de Midões, ao longo de séculos e em momentos cruciais da história portuguesa, tudo fizeram para recuperar a independência do arquipélago, mas foram sempre ultrapassados pelos acontecimentos".

As lições da História

Erro de Perspectiva


Ainda a noite eleitoral caminhava e já o caso das escutas ao PR estava novamente no centro do debate. Aliás, não estivesse Pacheco Pereira a comentar na SIC. O que me espanta neste assunto é que nunca mais ninguém falou no alegado envolvimento dos assessores de Cavaco na elaboração do programa eleitoral do PSD. É que o caso das alegadas escutas (caso não se lembrem) está directamente indexado a toda esta polémica. Foi uma fonte da Presidência que, quando levantada a polémica do envolvimento dos assessores afirmou "que só podiam saber se andassem a escutar Belém". By the way, Suzana Toscano, assessora de Cavaco Silva, lá esteve ao lado de MFL em noite eleitoral.

18 de setembro de 2009

Quem perdeu com a encomenda? II

Não deixem de ter em atenção um pormenor curioso no e-mail do Luciano Alvarez publicado na notícia do DN.
No início do mesmo, o jornalista refere: “Vou fazer esta conversa por e-mail e não por telefone porque a situação é tão grave que é melhor não correr o risco de ser escutado”.
E acaba o mesmo e-mail dirigido a um seu colega de uma forma magistral: “Quando acabares de ler o e-mail pudemos falar por telefone” (sic).
Afinal o perigo das escutas era real ou o jornalista já tinha a certeza que toda a história era um engodo e, mesmo assim, decidiu avançar?

Quem perdeu com a encomenda?



Em Política, a arte de construir (com sucesso) álibis (mais ainda quando se trabalha na esfera da Comunicação) não está ao alcance de qualquer um. E falo com conhecimento de causa.
Já aqui o tinha escrito, na óptica da Lógica do Óbvio, que a leitura possível de todo este episódio das alegadas escutas à Presidência da República era que alguém estava efectivamente a mascarar o envolvimento de assessores do PR em actividades partidárias.
De qualquer modo, este é mais um episódio, entre tantos outros, que depressa passará à História. Para Fernando Lima, os danos são colaterais.
Quanto ao jornalista do Público temo que já não possamos dizer o mesmo! A Imprensa é quem sai mais abalada de todo este caso.

17 de setembro de 2009

Este País que nós temos...




Cada vez mais tenho por boa verdade que a qualidade da classe política – entendida no sentido lato da agregação de valores e não só das competências de exercício de cargo – está indexada à realidade cultural de cada país e que, no nosso caso, sem dúvida alguma acaba por reflectir o baixo nível de milhares e milhares de portugueses.

Vem isto a propósito de, dada vez mais, me confrontar com um sentimento de estupefacção ao ler os comentários que são produzidos e colados em rodapé nas notícias que correm nos vários media online, com destaque para o Sapo e o Público, que são duas das minhas visitas obrigatórias.

Aliás, confesso que ainda gostava de conhecer quem teve esta infeliz ideia de “inventar” tal sistema, talvez convencido que seria um contributo significativo para uma almejada democracia (mais) participativa ou para uma menor “asfixia democrática” como hoje é uso dizer-se. Tremendo erro.

Decidi-me a fazer um pequeno exercício: Imaginem um personagem isolado, um menino-lobo, sem contacto com o nosso país e que, durante algum tempo, só tivesse acesso a este tipo de comentários como forma de ir apreendendo e percebendo a realidade política, económica, social, cultural deste pedaço à beira-mar plantado.

Uma coisa é certa. Cá nunca poria os pés. Experimentem fazer este exercício e verão o que quero dizer.

Mas a face oculta desta “rábula” ou como lhe queiram chamar não se esgota aqui. E essa é a face perigosa que este mero exercício de avaliação não revela. É que, para muitos dos que ali rondam (nos comentários) a necessidade de ofender é muito maior do que a simples necessidade ou possibilidade de opinar. E este é apenas um pequeno sinal de uma caminho perigoso que estamos a permitir. Portugal não vive um défice democrático, como muitos políticos - principalmente aqueles mais à esquerda querem fazer crer - mas sim um excesso de democratização. E este está-se a materializar na esfera da comunicação. É aqui que é fácil esconder o vazio de ideias com parangonas discursivas, mas também é aqui que se compreende o vazio de valores com o discurso ofensivo e ordinário que a democracia (excessiva) legitima como a ampla liberdade de escolha e afirmação.

Nunca Portugal assistiu a tanto “insulto” na Política, a tanto disparate na Magistratura, a tanta ordinarice em algumas manifestações de sectores profissionais bem identificados, a um Jornalismo muitas vezes ofensivo escondido numa impunidade forçada por essa mesma forma de “Democracia adulterada” e a um despropósito sem rumo, em que todos dizem o que querem porque acham que a Democracia lhes confere esse direito.

Mas também nunca assistimos a tantos silêncios de quem tem obrigação de falar…

Orwell escreveu o Triunfo dos Porcos. Leiam-no, porque os porcos já andam ai à espreita!


Crônicas da Frontline

16 de setembro de 2009

Bloco rachado


O BE faz lembrar aquelas velhas telas quando o verniz começa a estalar e descobre-se que, afinal, havia uma outra pintura por detrás que tinha sido habilmente escondida com uma cena idílica.
Foi Sócrates que, no debate com Francisco Louça, começou a trazer à tona a verdadeira ideologia de radicalismo político que se esconde no discurso fácil dos bloquistas. Veja-se agora o despropósito de ex-filiado Sá Fernandes depois da tomada de posição de José Miguel Júdice, em entrevista ao Expresso, sobre a candidatura socialista à Câmara de Lisboa.
Começa a ganhar corpo o isolamento do BE e também António Costa tem mais um espinho para se descartar…

8 de setembro de 2009

Caiu a capa a Louçã

O debate entre José Sócrates e Francisco Louçã teve uma virtude primeira. O Primeiro-ministro conseguiu arrastar Louçã para a face oculta do Bloco de Esquerda: o verdadeiro pensamento ideológico de radicalismo político completamente desajustado da realidade democrática de uma Europa moderna que os Bloquistas tentam, a todo o custo, esconder.
O discurso “fácil” de Louçã (e mais dois ou três protagonistas do BE que sustentam a visibilidade do partido) alicerçado apenas na esfera comunicacional e sem necessidade de sustentação explicativa da sua base ideológica tem sido um modus operandi de sucesso. Aliás compreende-se a lógica discursiva de Louçã: tudo é articulado na exploração de casos pontuais e depois Louçã parte para a extrapolação. Logo as pessoas não precisam de procurar nada mais porque as respostas são dadas pelo condicionalismo criado por cada caso. É assim no Parlamento, é assim na televisão, é assim na rua. Ou era! Porque agora Louçã vai ter de começar a justificar tudo o que diz. E então vamos ver quantos portugueses se continuarão a rever neste radicalismo político.

4 de setembro de 2009

Quo Vadis?


"O maior atentado à liberdade de informação em Portugal depois do 25 de Abril", José Aguiar Branco a propósito do caso TVI.

Dá vontade de perguntar: onde estavas depois do 25 de Abril? Com o "amigo" Marcelo que depois se tornou incómodo?

Vale a pena ler o que o Rui Calafate escreveu hoje no OJE sobre a Política de Verdade.

Afinal quem anda a instrumentalizar o quê?


O episódio da TVI é um misto de comédia, tragédia, mas sobretudo um sinal de alerta sobre o verdadeiro estado de decadência da nossa democracia partidária. E refute-se o óbvio. Perigo não pelas alegadas interferências que o PS teria ou não feito para forçar uma decisão da administração da TVI. Perigo sim porque os partidos políticos se acham no intocável direito de interferir na esfera de decisão de uma empresa privada. A tal nível que Paulo Portas vem afirmar que os espanhóis estão a ameaçar a liberdade de informação dos portugueses. Mais que não seja, a afirmação é uma ofensa a todos os outros profissionais da comunicação social. Ou será que o Jornal da TVI era o única fonte de informação pluralista no nosso país?

Por outro lado, a três semanas das eleições percebe-se o desespero de quem tenta explorar estes episódios. Por coincidência também hoje vieram a público outras alegadas pressões.

Se tudo isto não passar de estratégia política por parte de algumas forças partidárias os portugueses ainda podem dormir descansados, embora preocupados com a falta de qualidade dos actores que não se conseguem afirmar pelas ideias. Se, pelo contrário, esta tentativa de ingerência na esfera privada é o móbil de algo mais profundo. então o perigo é real. Francisco Louça pensa assim mas pelo menos afirma-o publicamente, embora escondendo as suas verdadeiras intenções. Mas, pelo menos, do lado do Bloco já sabemos com o que podemos contar.