16 de julho de 2009

Marketing (A)Político


Nos tempos que correm, principalmente num ano com tantos actos eleitorais, o terreno é fértil para o advento do Marketing Político, disciplina tão amada por uns, tão odiada por outros, tão necessária para todos e tão incompreendida, que Portugal deve ser dos raros países onde esta disciplina ainda não ganhou o seu devido estatuto.

E é este último aspecto que mais me preocupa e não tanto o facto de muitos responsáveis políticos deste país virem afirmar a sua recusa em alguma vez adoptarem este tipo de apoio ou aconselhamento, com medo que tal possa diminuir (perante a opinião pública) a veracidade ou credibilidade das suas promessas e compromissos políticos e eleitorais.

Por isso mesmo a distinção impõe-se. Em Portugal, temos duas grandes linhas de intervenção a este nível:
Os que fazem marketing político e reduzem a sua actuação à política do rectângulo, onde acreditam que tudo se esgota em outdoors e slogans e os que fazem Marketing (A)Político, trabalhando esta disciplina em toda a sua equação de planeamento, desenvolvimento estratégico, concretização táctica e desenvolvimento de instrumentos de comunicação, neste caso de comunicação política.

O que distingue estes dois campos de actuação e os seus respectivos protagonistas. Os primeiros – talvez os que mais abundam – esgotam-se no atrás referido primeiro modelo de comunicação e ancoram muitos daqueles (leia-se políticos) cuja fragilidade de ideias precisa de ser mascarada numa comunicação redutora, assente em plástica de imagem e ideias de grande impacto propagandístico mas sem alicerce de fundamentação. É a política do rectângulo (leia-se outdoor) e do slogan.

Os outros, os que encaram a vertente do marketing político num universo mais lato e complexo de toda a sua actuação na esfera do Marketing e da Comunicação. A vertente política assume, sem dúvida alguma, uma especificidade própria, mas não se esgota em si mesma.

Estes trabalham na base de projectos políticos consistentes e contribuem, assim, não só para clarificar a acção política na sua forma mais simples e genuína de interacção entre o representante do Poder e o eleitor, como também para cimentar a reputação de uma disciplina que, mais não seja, sofre ainda de um complexo de culpa no nosso país. Mas esse complexo não está nos estrategas nem nos consultores, está nos próprios políticos.

E essa realidade é indisfarçável.


Crônicas da Frontline

2 comentários:

PR disse...

Absolutamente.

Abraço,


Pedro

Rodrigo disse...

Caro José Caria,

bom post!
Infelizmente o que se faz muito em Portugal (parecem fábricas a fazer os tais rectangulos e os brindes) é marketing eleitoral!
É pena que o verdadeiro marketing político seja feito (e aceite) por poucos!
abraço
Rodrigo