23 de outubro de 2008

Todos diferentes, todos iguais...uma treta


Leitura Obrigatória


Recomendo uma leitura atenta de um texto da autoria de Fernanda Ló, publicado na Edição de Outubro da Revista Frontline, sobre a importância da Imagem e a problemática dos Deficientes.

Recomendo não só a nós Comunicadores, mas a todos, Pais, Educadores e todos os que possam ser agentes promotores de mudança. Como diz a autora (em dois excertos que aqui transcrevo):

"A importância da imagem, principalmente a imagem do deficiente (porque há muito deficiente que não tem “esse” comprometimento na imagem) reflecte a maturidade humana e cultural de uma comunidade. Neste domínio, infelizmente os portugueses ainda vivem na idade das trevas."

"...A importância da imagem foi desprovida de pudor quando o célebre fotógrafo Toscani (o fotógrafo da Benetton) mostrou a sua campanha ao Mundo. Tanto nos chocou! E se Toscani tivesse pegado não na diferença étnico/racial mas sim na diferença que aqui comento? Talvez fosse uma ajuda na mudança, pois o que chocou passou a ser moda. A minha filha tem uma t-shirt da dita marca com um pretinho e uma branquinha a beijarem-se. Toscani podia ter pensado na menina com Síndrome de Down, abraçada ao menino com Paralisia Cerebral. Seria vendável?"

Vale a pena uma reflexão...

21 de outubro de 2008

Por falar em Protocolo...

Li uma interessante peça política num jornal de referência em que a legenda sob uma foto do Presidente da República e o Primeiro-ministro referia (a negro e pretendendo talvez ter uma segunda leitura): Na última cerimónia do 5 de Outubro, Cavaco e Sócrates estiveram sentados lado a lado na Praça do Município em Lisboa.
Independentemente das leituras, estiveram assim sentados por que é Protocolar. É assim e ponto final.
Será talvez interessante lançar um debate aberto sobre algumas questões protocolares. O Protocolo é mais que um rito cerimonial... é sobretudo um Instrumento de Poder.

Quem não sabe é como quem não vê!


A situação que a foto traduz não é mais que uma enorme gaffe protocolar. Os momentos que parecem mais fáceis de gerir afinal são aqueles que revelam mais vulnerabilidade, mais ainda quando as possibilidades de exposição pública estão presentes.
Mas, do ponto de vista protocolar, gerir estes momentos é duma simplicidade extrema. Não se trabalha com pessoas, trabalha-se com números e com uma boa equipa de protocolo. É a lógica do óbvio e já aqui escrevi sobre isto.

Acreditem que sei do que falo. Tive a sorte de, durante uns anos, gerir um grupo dos melhores profissionais de Protocolo que há neste país. Pena seja que já nenhum reste nestas funções...

16 de outubro de 2008

Os Avessos



Fiquei recentemente a saber que Manuel Jarmela Palos também pertence ao grupo dos avessos deste País. Neste caso ao grupo dos comunicacionalmente avessos, já que o actual Director-geral do SEF revelou que é avesso a dar entrevistas. Aliás, da referida entrevista dada ao Expresso resultam apenas dois aspectos a reter: o desaire da entrevista e o facto, este mais preocupante, desse mesmo desaire não resultar da sua condição de avesso, mas sim de uma aparente ausência de estratégia de comunicação e consequente enquadramento e aconselhamento nesta matéria.
Jarmela Palos pode ser avesso pelas razões que entender, mas o cargo que ocupa obriga-o a ter uma relação de proximidade, não só sua, como do serviço que dirige que tem, evidentemente, uma multiplicidade de públicos. Essa relação (que passa em grande parte pela relação com a comunicação social) obriga naturalmente a uma prática profissional e responsável. Nada disso revela a entrevista ao Expresso. Aliás, nesta matéria, também não se vislumbrou até hoje uma prática consolidada no que respeita, senso lato, à Comunicação por parte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
O que a entrevista do Director-geral do SEF nos trouxe foi um mau préstimo ao País e ao serviço que dirige. A mensagem que passa, só contribui para cimentar o clima de insegurança que actualmente se vive na sociedade portuguesa, bem como revelar, numa indisfarçável confusão, a incapacidade do SEF para fazer o que quer que seja. Naturalmente não foi isto que aquele responsável máximo quis dizer, nem tão pouco o contexto em que o disse. Não importa. O que revela é a percepção que se constrói sobre o que foi dito. E aqui entram elementos fundamentais: um bom aconselhamento em matéria de Comunicação, uma sólida estrutura na construção de argumentos com base no referencial em que a entrevista se vai situar, e uma adequada preparação da mesma.
Aparentemente tudo isto falhou. Jarmela Palos poderá sempre ser avesso a dar entrevistas. Não pode é ser avesso a construir uma boa estratégia de comunicação para o SEF, mais ainda tendo em conta a sua ampla esfera e sensibilidade de actuação.
Crônicas do OJE

15 de outubro de 2008

Da ficção à realidade?


Barak Obama está na recta final e as últimas sondagens dão-lhe 14 pontos de diferença à frente de John McCain. Do que conhecemos das nossas maduras democracias europeias, esta diferença entre candidatos a escassas três semanas das eleições representavam, não só uma vitória certa, mas sobretudo uma vitória esmagadora para o candidato melhor posicionado. Nesta linha de raciocínio, um dos temas mais interessantes desta fase final de campanha, mas que pouco debatido vi, acaba por se sintetizar numa frase: Porque não cantam já vitória os Democratas? E a resposta obviamente não expurga os fantasmas do denominado efeito Bradley ou não fosse Obama de cor. Mais agudizante é esta questão quando afinal o número de indecisos (pelo menos segundo revelam as mesmas sondagens) ainda é grande. Na realidade, toda uma campanha pode não depender da validade das proposta dos candidatos, mas sim de factores de indefinição como a raça. Para os que não conhecem , o conceito do efeito Bradley resultou do Congressista afro-americano Thomas Bradley que, em 1982, foi derrotado na eleição para Governador da Califórnia apesar de surgir destacado à frente em todas as sondagens.

Este é, porventura, o verdadeiro retrato da América que não conhecemos. Mas neste quadro, não deixará de ser curioso equacionar outro exemplo, como que numa abordagem do outro lado do paradigma.

Todos estamos cientes (e a História tem sido pródiga em nos mostrar isso mesmo) como a poderosa máquina cinematográfica dos EUA (enquanto instrumento de Comunicação) tem sido capaz de moldar a realidade política, económica, social, cultural, da sua sociedade americana. Num exemplo desta esfera brutal existe uma série da FOX que teve um reconhecido impacto, dentro e fora fronteiras. Falo da "24" com Kiefer Sutherland. Intensa, brutal, dramática, mas curiosamente onde os dois presidentes americanos que personificam o ideal de audácia, patriotismo, determinados, incorruptíveis, verdadeiros Homens de Estado, David e Wayne Palmer, são precisamente... negros.

Da ficção à realidade?

O Day After


Escrevo estas linhas e ainda Nuno Morais Sarmento não acabou a sua entrevista ao Dia D na SIC notícias. A primeira imagem que me veio à mente foi daquelas noites de arromba em que todos dizíamos agora o que vai custar é o Day After. De facto, Morais Sarmento não foi ao dia D foi ao Day After e pouco se aproveitou da sua ressaca televisiva.

Apenas alguns pontos a reter:

É notória a incapacidade do PSD em construir figuras de alicerce para veicular a sua mensagem política;

É notória a incapacidade do PSD em ter um discurso alinhado numa estratégia clara de comunicação política. A confusão de argumentos (do ponto de vista da sua construção e legitimação) gera dissonância e amplifica um dos efeitos mais perigosos (mas pouco debatido) da Comunicação, o da falsa propaganda.
Porque a Propaganda (como a definimos hoje) tem pleno enquadramento na acção política (embora seja matéria discutível) mas carece sempre de uma base de sustentação programática. Nem isto o PSD consegue fazer;

Percebe-se o que Nuno Morais Sarmento tentou fazer: introduzir uma credibilidade protagonizada e de protagonista, ensaiando um discurso de responsabilidade política no sentido lato. Uma estratégia apontada em dois eixos de actuação que visa, por um lado, retomar um discurso de intervenção acima das meras questões partidárias (um modelo bem ensaiado por Cavaco Silva) e, por outro, esconder a incapacidade da sua família política em dar respostas concretas em matéria de políticas alternativas à actual governação.
Tudo isto não faz sentido a um ano das eleições quando para trás ficaram três anos de silêncio, por inacção ou porque o espaço de intervenção e comunicação foi habilmente ocupado por outros;

Morais Sarmento parece hoje pouco mais do que um paladino à procura da “virgindade perdida”. De facto, como bem referiu, Portugal evolui de uma forma extraordinária nestes últimos 30 anos. Mas os portugueses também…por isso já não há espaço para “Conversas em Família”.

11 de outubro de 2008

Giving a pub to an alcoholic




A afirmação pertence ao Gerry McGovern, fundador da Customer Carewords, e reconhecido internacionalmente como um dos gurus em matéria de gestão de conteúdos no domínio empresarial.
Há muito que acompanho as suas ideias e o que vai escrevendo e recomendo a leitura deste seu artigo recente. Tanto mais que a lição não se aplica só à gestão de websites.

10 de outubro de 2008

Vasculhar, vasculhar, vasculhar


À medida que a hipótese mais que provável de PSL avançar para a Câmara de Lisboa vai ganhando corpo sobe exponencialmente o grau de nevorsismo lá para os lados dos Paços do Concelho. Contou-me um amigo lá para os lados do Alto de Santo Amaro que a ordem agora é vasculhar tudo e todos para encontrar matérias que possam criar e amplificar ruído na comunicação social (parece que o vereador das finanças anda muito ocupado). Mas agora com mais cautela, já que o alegado e propagado Lisboa Gate parece não estar a correr muito bem. Tudo isto mais agudizante quando para aquelas bandas também muitos começam a ganhar consciência que o combate no plano político nunca lhes será favorável. Esse mesmo combate que as democracias entendem como saudável e o que mais pode efectivamente aproximar os cidadãos/municípes de uma escolha esclarecida.
Resta saber que Poderes (no sentido lato) vão embarcar neste modus operandis?

Mais casinhas

Como diria Orwell: "some pigs are more equal than others". Afinal parece que a transversalidade do fenómeno de atribuição de casas na CML (que já aqui referi) ao longo destes muitos e últimos anos também é mais transversal para alguns do que para outros (quer nos dadores, quer nos felizes contemplados). Veja-se o título do Público sobre um ex-deputado do PS: Ex-deputado Fernando Ka paga 5,60 euros de renda à CML.
Mas cuidem-se. É que muito mais ainda está para vir...

Pro Bono comunicacional precisa-se


Em resposta à polémica instalada em torno da atribuição de casas pela CML João Soares responde "eu fui o único presidente que não habitou a casa de Monsanto". Mesmo assim veio agora a saber-se (por mão do seu amigo Costa em abono da transparência) que foi no seu mandato que foram atribuídas mais casas. Questão 1: o que é que a casa de Monsanto tem a ver com tudo isto? Questão 2: mais uma vez João Soares revela a sua total incapacidade em gerir o universo da comunicação. Uma vez que (aparentemente) já não pode contar com o apoio das máquinas socialistas nesta matéria será que existe alguém que lhe possa dar uma ajuda? Apenas em abono da dignificação do exercício do Poder autárquico já que o fenómeno de atribuição de casas é, até ver, transversal a todos e a todas as forças políticas.

6 de outubro de 2008

O espelho não mente

Recomenda-se uma leitura atenta do artigo publicado no OJE pela Carla Guedes, Directora-geral da Reputation, sobre a problemática das auditorias de comunicação.

5 de outubro de 2008

Ensaio sobre a estupidez (II)



Mais uma pequena nota sobre o universo dos invisuais. Vale a pena ver este anúncio. Não deixa de ser publicidade, mas a mensagem ultrapassa-a em muito. É universal. Para os Saramagos deste mundo...

3 de outubro de 2008

Ensaio sobre a estupidez


Pessoalmente não gosto de Saramago, não gosto da sua escrita, não gostei da atitude de outrora para com o seu País. Estou no meu direito assim como Saramago está no seu para emitir as opiniões que entende por bem.
Agora muito menos gosto de Saramago face às suas públicas posições por força das críticas ao filme de Fernando Meirelles baseado na sua obra “Ensaio sobre a Cegueira”.
Utilizar argumentos para denegrir uma representativa associação norte-americana de pessoas invisuais como acusá-la de “ter uma opinião sobre um filme que infelizmente não pôde ver” é, no mínimo, intolerável. Mais que não seja é reduzir um invisual à condição de estúpido só porque está apartado de uma parcela sensorial.
É um discurso que, pelo menos na sua forma, se aproxima perigosamente de doutrinas que consideramos inaceitáveis.
Poderia ter sido uma gafe? Saramago expressou-se mal? Duvido! A reacção é típica do “acossado” que se julga intocável.
Saramago tem naturalmente todo o direito a defender a sua posição, mas tem sobretudo a obrigação de o fazer de uma forma responsável.
Por isso mesmo, o exemplo poderá servir muito bem a quem efectivamente tem responsabilidades neste país, sejam pessoas, sejam organizações. Mas também aqui, em casos como este, os players (consultores) neste universo da Comunicação têm a responsabilidade de intervir. Debatendo, denunciando, protegendo e sobretudo credibilizando a sua esfera de actuação perante poderes, instituições e opinião pública.

Resgate fiscal ou resgate comunicacional? (II)

Sobre o que atrás escrevi, acentuei a tónica da eficácia fiscal também para esta reflexão que se segue:
A (propagada) eficácia fiscal é tão grande que a vou colocar a questão do outro lado da amurada. Um comunicado de um contribuinte hoje divulgado revela que foi enviado 1 email a 1 Serviço do Estado, notificando pela prática de crime de incompetência. Isto porque no exercício de 2006, a DGCI lhe cobrou 248 euros de juros, com base num processo de 1996 que afinal está liquidado. Os técnicos das finanças conseguiram, por fim, apurar que esses juros tinham sido indevidamente cobrados e, para além disso, calculados com base num valor que é dinheiro que o Estado afinal tem para reembolsar ao contribuinte. De uma forma simples: cobraram juros sobre o dinheiro que devem. Passado um ano, para além de não terem ainda resolvido a situação, voltaram no IRS de 2007 a cobrar novamente os mesmos 248 euros de juros, com base no mesmo processo e calculados sobre a mesma dívida que tem para com o contribuinte.
Urgente: Resgate precisa-se…

Resgate fiscal ou resgate comunicacional?


Os comunicados da DGCI não param de me surpreender e contribuir para aumentar o sentimento de que a estratégia de comunicação da máquina fiscal (leia-se Estado/Governo) é apenas uma ferramenta propagandística de carácter intimidatório contra o contribuinte.
Atente-se ao comunicado divulgado hoje sobre a Operação Resgate Fiscal, através do qual ficamos, entre outras coisas, a saber que a DGCI recuperou 54 031 milhões de euros, notificou 4672 empresas , instaurou 305 processos crime e emitiu 198 047 emails a 45 667 contribuintes.
Que relevância tem este tipo de informação para o contribuinte? Então que pressupostos estão em jogo? Tentar passar uma imagem de competência de um organismo público em que a relação dominante com os cidadãos é conflituosa? Servir de almofada de conforto para legitimação de discurso político de eficácia fiscal por parte do Governo? Ou é apenas uma ferramenta propagandística de carácter intimidatório ao contribuinte?
Porque bases para um exercício responsável, assente numa comunicação transparente e até pedagógica, não encontro nenhumas.
A democracia não se constrói apenas com base no livre exercício do direito de voto. É fundamental a relação (de respeito) do Estado com o cidadão. E, neste domínio, a Comunicação assume um papel fundamental.

Mudem-se os Tempos...


A questão das métricas em PR que o António Marques Mendes levanta (novamente) hoje é, de facto, um paradigma interessante de analisar numa perspectiva que nos leve a encontrar alguns factores inibidores para avançarmos neste domínio.
Por exemplo, uma eficaz avaliação, senso lato, da Comunicação, seria condição essencial para adoptarmos esquemas de remuneração por objectivos, em substituição das tradicionais avenças por prestação de serviços. Os reflexos seriam também óbvios nos processos de envolvimento Cliente/Consultores, mas obrigavam a uma profunda mudança na “mentalidade de gestão” da generalidade do tecido organizacional das instituições em Portugal.
O consultor de comunicação não pode ser um “corpo estranho à instituição”, nem menos uma figura de segunda linha quando este aparente estigma de anticorpo é ultrapassado.
Esta é apenas uma das mudanças necessárias entre muitas outras, como muito bem alude o Miguel Albano.
Por isso mesmo para quê mudar. De facto, o actual status quo é muito mais confortável para todos. Excepto para aqueles que tem uma verdadeira visão de consultoria em Comunicação. Mas a esses cabe também a grande responsabilidade de induzir esta mudança de mentalidades. Como, por exemplo, recusando trabalhar em condições de envolvimento Consultor/Empresa em que sejam meros prestadores de serviços (embora em alguns casos esse modelo deva ser adoptado), mesmos que isso tenha custos financeiros no curto prazo.
Porque, no médio prazo, este exercício bem entendido na vertente pedagógica, permitirá, para além de mais, separar o trigo do joio.