30 de julho de 2009

Raro sentido de oportunidade

A Justiça portuguesa já nos revelou este seu condão de possuir um raro sentido de oportunidade (...). Veja-se a decisão proferida hoje de que Carmona Rodrigues e Fontão de Carvalho vão (mesmo) a julgamento. Como se houvesse outra saída. Até os menos atentos percebem que a "justificação" para a queda do Executivo Municipal da CML tinha ser ser legitimada por esta decisão. O que seria se não houvesse julgamento? Tão morosa que é a Justiça em muitos casos, tão rápida noutros, tão pontual e certeira no tempo para outros.
Mas pode ser que esta seja também uma oportunidade única para que Carlos Miguel Fontão de Carvalho revele, em sede própria, o muito que conhece da "forma como foi conduzida esta investigação pelo MP, das suas contradições e dos desfechos imprevistos". Vamos ver quem vai cair na barra do Tribunal.

27 de julho de 2009

Santana 2 - Costa 0


Já tinha deixado aqui o aviso. O desnorte parece estar a atingir o PS de Lisboa. O vídeo de Costa a desmentir Santana foi um erro em duas frentes. Primeiro quis fazer uso da propaganda para combater algo que Pedro Santana Lopes usou inteligentemente, embora no mesmo sentido de passar mensagens políticas, em entrevistas e declarações ao media. Logo o palco de combate teria de ser nesses mesmos media (um palco de maior credibilidade) e não através do recurso a instrumentos básicos de propaganda. A ineficácia desta táctica estava à vista. Tanto estava que Santana reagiu no imediato a empurrar o adversário para a mesma armadilha. E este tão bem escorregou que foi à pressa corrigir o vídeo em vez de pura e simplemente o anular (ver Expresso).

Para os lisboetas a mensagem começa a ficar clara: que credibilidade merece uma candidatura que desmente as suas próprias afirmações? Que credibilidade merece uma candidatura que não faz a mínima ideia do que o seu candidato diz publicamente? É que a parte cortada no vídeo é a que desmente o que Santana Lopes diz que afinal tinha sido exactamente o mesmo que António Costa tinha dito em declarações à televisão.

24 de julho de 2009

Instrumentos da ineficácia


Ainda há coisas que nos surpreendem vindas de onde vêm. Ou talvez não. Deparei com um vídeo no Sapo onde alegadamente António Costa denuncia as mentiras de Santana Lopes. Não percebi nem o sentido, nem o propósito, mas se é um instrumento de comunicação política orientado dentro da sua campanha, a sua eficácia é próxima do nulo. O vídeo não é mais do que uma versão contrária daquilo a que se propõe denunciar: a alegada política de propaganda de Santana Lopes. Das duas uma: ou o nervosismo já fala mais alto do que a razão ou anda alguém a dar palpites sobre matérias cuja competência também é, por assim dizer, próxima do nulo.

Pedro Santana Lopes é um político por excelência e um homem inteligente. António Costa também. O Palco para a disputa eleitoral não deve ser este. A candidatura de António Costa que não se esqueça que os lisboetas exigem respeito. Uma falha nesta matéria pode ser fatal.

16 de julho de 2009

Marketing (A)Político


Nos tempos que correm, principalmente num ano com tantos actos eleitorais, o terreno é fértil para o advento do Marketing Político, disciplina tão amada por uns, tão odiada por outros, tão necessária para todos e tão incompreendida, que Portugal deve ser dos raros países onde esta disciplina ainda não ganhou o seu devido estatuto.

E é este último aspecto que mais me preocupa e não tanto o facto de muitos responsáveis políticos deste país virem afirmar a sua recusa em alguma vez adoptarem este tipo de apoio ou aconselhamento, com medo que tal possa diminuir (perante a opinião pública) a veracidade ou credibilidade das suas promessas e compromissos políticos e eleitorais.

Por isso mesmo a distinção impõe-se. Em Portugal, temos duas grandes linhas de intervenção a este nível:
Os que fazem marketing político e reduzem a sua actuação à política do rectângulo, onde acreditam que tudo se esgota em outdoors e slogans e os que fazem Marketing (A)Político, trabalhando esta disciplina em toda a sua equação de planeamento, desenvolvimento estratégico, concretização táctica e desenvolvimento de instrumentos de comunicação, neste caso de comunicação política.

O que distingue estes dois campos de actuação e os seus respectivos protagonistas. Os primeiros – talvez os que mais abundam – esgotam-se no atrás referido primeiro modelo de comunicação e ancoram muitos daqueles (leia-se políticos) cuja fragilidade de ideias precisa de ser mascarada numa comunicação redutora, assente em plástica de imagem e ideias de grande impacto propagandístico mas sem alicerce de fundamentação. É a política do rectângulo (leia-se outdoor) e do slogan.

Os outros, os que encaram a vertente do marketing político num universo mais lato e complexo de toda a sua actuação na esfera do Marketing e da Comunicação. A vertente política assume, sem dúvida alguma, uma especificidade própria, mas não se esgota em si mesma.

Estes trabalham na base de projectos políticos consistentes e contribuem, assim, não só para clarificar a acção política na sua forma mais simples e genuína de interacção entre o representante do Poder e o eleitor, como também para cimentar a reputação de uma disciplina que, mais não seja, sofre ainda de um complexo de culpa no nosso país. Mas esse complexo não está nos estrategas nem nos consultores, está nos próprios políticos.

E essa realidade é indisfarçável.


Crônicas da Frontline

3 de julho de 2009

De vergonha em vergonha...


Mais vergonhoso que o acto "solitário" do Ministro da Economia é a vergonha da disputa entre PCP e BE na reivindicação dos destinatários do referido acto, como forma de um ensaio de protagonismo sobre quem seria responsável pela sua demissão.
Afinal, talvez o próprio PM tenha razão quando situa a acção política à sua esquerda numa redutora luta de protagonismo para conquista eleitoral caracterizada por um confrangedor vazio de ideias e propostas.
Mas mais preocupante é quando, mesmo assim, essa mesma esquerda consegue alguma expressão eleitoral.