10 de maio de 2008

Sexo, Dinheiro e Morte


Um destes dias, quando lia a notícia do empresário norte-americano que comprou, por 1,5 milhões de dólares, o filme de 15 minutos onde alegadamente Marilyn Monroe aparece a fazer sexo oral a um homem não identificado, perguntava quantos de nós não gostaríamos de ver o filme? Não deixa de ser curioso com um dos mais marcantes ícones do século XX carrega em si apenas Sexo, Dinheiro e Morte.

Sexo, Dinheiro e Morte porquê? Porque são as três variáveis fundamentais da equação de sucesso da Comunicação: S= (S+D+M) n /RC.

A história é simples. Há uns (bons) anos atrás, frequentava ainda o Instituto Superior de Novas Profissões, quando tive de apresentar um trabalho numa das cadeiras do curso. O tema relacionava matérias de técnicas de comunicação e, numa sala preenchida e, para grande espanto da minha querida professora (que aqui me atrevo a citar, a Maria Duarte Belo), despejei o conteúdo dos meus bolsos em cima da secretária: um preservativo, um monte de moedas e uma bala! Simbolicamente Sexo, Dinheiro e Morte: três componentes fundamentais para uma comunicação de sucesso.
Porquê? Porque tocam no mais primário da natureza humana: Sexo, aliando também o instinto de preservação da espécie; Dinheiro configurando o afrodisíaco Poder, Morte no sentido macabro da inevitabilidade do fim.

Hoje refinei o meu pensamento quando, cada vez mais, vejo estas três componentes presentes na esfera comunicacional que nos envolve diariamente. A fórmula não é matemática no seu sentido mais puro, mas sim uma formulação simbólica para expor um raciocínio. Peguemos nas nossas três variáveis e vamos introduzir mais dois elementos: n que significa todo o ruído comunicacional à nossa volta e RC que traduz o referencial cultural em que, cada um de nós, individualmente se move. Ou seja, quanto mais ruído indistinto, mais cada um dos nossos três factores emerge e, contraponto, quanto maior for o nosso índice de referencia cultural, mais esta emergência é atenuada.

Que ilação tirar deste raciocínio (aparentemente) um tanto louco? Uma conclusão óbvia: a ser verdade, esta fórmula do sucesso significa que estamos inevitavelmente a retroceder no nosso progresso civilizacional. A chave do sucesso da comunicação assenta no atingirmos os nossos níveis mais básicos. Extrapolando esta análise para uma comparação com Maslow diríamos que estamos no seu nível primeiro, o da “satisfação das necessidades básicas”.

Se é verdade que nos ensina a História, que a Comunicação foi factor fundamental no desenvolvimento da atitude civilizacional enquanto elemento de agregação de esferas económicas, sociais, políticas e culturais, então o futuro não nos augura nada de bom.

Mais ainda, quando assistimos à emergência quotidiana de fenómenos tribais. Atente-se à cultura dos subúrbios, fechados em territórios, com estruturas de “tribos” (gangs) de poder e com territórios de “caça” bem definidos. É um fenómeno inevitável dirão alguns, sem nunca ninguém se preocupar com o seu prenúncio. Valerá então assim a pena reler alguma da obra de Desmond Morris.

Se a linha de progressão do devir histórico não for contínua, mas sim concêntrica, muito em breve poderemos voltar a ser predadores. Pelo menos é nesse ponto que a comunicação hoje mais nos atinge: no nível mais básico dos conceitos simbólicos: Sexo, Dinheiro e Morte.

Crônicas da Frontline

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