4 de setembro de 2009

Afinal quem anda a instrumentalizar o quê?


O episódio da TVI é um misto de comédia, tragédia, mas sobretudo um sinal de alerta sobre o verdadeiro estado de decadência da nossa democracia partidária. E refute-se o óbvio. Perigo não pelas alegadas interferências que o PS teria ou não feito para forçar uma decisão da administração da TVI. Perigo sim porque os partidos políticos se acham no intocável direito de interferir na esfera de decisão de uma empresa privada. A tal nível que Paulo Portas vem afirmar que os espanhóis estão a ameaçar a liberdade de informação dos portugueses. Mais que não seja, a afirmação é uma ofensa a todos os outros profissionais da comunicação social. Ou será que o Jornal da TVI era o única fonte de informação pluralista no nosso país?

Por outro lado, a três semanas das eleições percebe-se o desespero de quem tenta explorar estes episódios. Por coincidência também hoje vieram a público outras alegadas pressões.

Se tudo isto não passar de estratégia política por parte de algumas forças partidárias os portugueses ainda podem dormir descansados, embora preocupados com a falta de qualidade dos actores que não se conseguem afirmar pelas ideias. Se, pelo contrário, esta tentativa de ingerência na esfera privada é o móbil de algo mais profundo. então o perigo é real. Francisco Louça pensa assim mas pelo menos afirma-o publicamente, embora escondendo as suas verdadeiras intenções. Mas, pelo menos, do lado do Bloco já sabemos com o que podemos contar.

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