3 de outubro de 2008

Ensaio sobre a estupidez


Pessoalmente não gosto de Saramago, não gosto da sua escrita, não gostei da atitude de outrora para com o seu País. Estou no meu direito assim como Saramago está no seu para emitir as opiniões que entende por bem.
Agora muito menos gosto de Saramago face às suas públicas posições por força das críticas ao filme de Fernando Meirelles baseado na sua obra “Ensaio sobre a Cegueira”.
Utilizar argumentos para denegrir uma representativa associação norte-americana de pessoas invisuais como acusá-la de “ter uma opinião sobre um filme que infelizmente não pôde ver” é, no mínimo, intolerável. Mais que não seja é reduzir um invisual à condição de estúpido só porque está apartado de uma parcela sensorial.
É um discurso que, pelo menos na sua forma, se aproxima perigosamente de doutrinas que consideramos inaceitáveis.
Poderia ter sido uma gafe? Saramago expressou-se mal? Duvido! A reacção é típica do “acossado” que se julga intocável.
Saramago tem naturalmente todo o direito a defender a sua posição, mas tem sobretudo a obrigação de o fazer de uma forma responsável.
Por isso mesmo, o exemplo poderá servir muito bem a quem efectivamente tem responsabilidades neste país, sejam pessoas, sejam organizações. Mas também aqui, em casos como este, os players (consultores) neste universo da Comunicação têm a responsabilidade de intervir. Debatendo, denunciando, protegendo e sobretudo credibilizando a sua esfera de actuação perante poderes, instituições e opinião pública.

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